A governadora Yeda Crusius está ressuscitando métodos da nefasta ditadura militar, sem falar da falta de legitimidade deste governo em relação a esta proposta sobre os pedágios no Rio Grande do Sul.
A conta deverá ser paga por quem dirige e trabalha carregando o progresso, por quem estuda, por quem pensa, por quem presta uma enorme folha de trabalho para o Estado. Isto não é de se acreditar, mas a verdade está posta.
De longe, parece que os representantes do povo na Assembléia Legislativa (boa parte) estão com o mesmo pensamento da governadora tucana. É lamentável. A força dos deputados estaduais emana do povo, mas votam na maioria dos casos sem saber o que está acontecendo.
E é este voto que define as nossas vidas de gaúchos.
O mínimo que podemos esperar da classe política, seja dos deputados, dos prefeitos, dos vereadores é que se crie a possibilidade de discutir o interesse da sociedade com relação aos pedágios. Que não se empurre goela abaixo algo tão amargo ao bolso do cidadão.
A sociedade está atenta, acompanhando passo a passo cada deputado(a) para ver como votará, pois em 2010 o “troco” certamente virá nas urnas. Que os políticos assumam as suas responsabilidades junto ao povo.
Que não só retornem daqui a quatro anos. Penso que o povo gaúcho, o povo brasileiro está perdendo a credibilidade com relação aos seus políticos. O único projeto que está vivo nos meios partidários é o poder. Nada mais que o poder.
Resolver o problema de meia dúzia de cidadãos(ãs), os problemas do povo, está fora das análises. A análise é o voto e o voto que leva ao poder.
Percebe-se que o projeto dos pedágios não é diferente do voto. Busca-se aprovar a proposta na ansiedade da vitória. Não é verificado o benefício coletivo, ele é trocado pelo benefício grupal. Mas em tudo isto está nascendo uma grande esperança, ainda que longínqua.
São o Poder Judiciário, a Polícia Federal, o Ministério Público e outras instituições que nos dão sinais de que é possível diminuir a corrupção alarmante que permeia este país, embora as sofisticações sejam cada vez mais notórias.
Do outro lado, as singelezas na corrupção que invade os órgãos públicos – quer sejam municipais, estaduais ou federais – são percebidas até por pessoas simples mas que não se manifestam pelo medo diante das autoridades – pois “não sabe com quem está falando”.
A realidade é dura. Não há mais um projeto para o povo.
A crise está posta. Não há mais uma ideologia predominante e que agrade à população. Perdemos o entusiasmo pela boa luta, isto é verdade.
Perdemos porque as lideranças se envolveram em questões de mais fácil sobrevivência, ou se corromperam, ou se tornaram uma grande minoria cuja voz não mais produz eco pelos desvios dos pedágios, que serão cobrados sem dó nem piedade.
Arrecadarão uma verdadeira fortuna e propõem investir uma migalha nos próximos vinte anos, que somente abrangerá em torno de 9% das rodovias gaúchas. Uma coisa é certa: os buracos nas estradas continuarão, pois têm um sistema de fiscalização pobre e ineficiente, quando não a serviço do próprio poder, para arredondar os números da roleta de uma corte pequena mas audaz.
Áurio Paulo Scherer/Coordenador estadual do MPA e vice-presidente do STR de Arroio do Meio .
Gazeta do Sul.
Nesta encrenca dos pedágios, o que não entendo é a pressa em aprovar a prorrogação das concessões, quando elas serão estendidas por mais 15 anos.
Para longos 15 anos de prorrogação, toque de caixa na aprovação.
Por que a pressa? Ainda mais que só em 2013 vencerá o atual contrato?
Até agora, ninguém me explicou o mistério dessa pressa.
Como alguém já disse, isso cheira mal.
Outra coisa: é fato notório que a cobrança de pedágios no Rio Grande do Sul é amaldiçoada, protestos chovem de todos os lados pelos preços das taxas exigidas.
Paira no ar sempre por parte do usuário uma sensação de que está sendo escorchado.
Não devia ser assim. O certo é que as pessoas pagassem a taxa de pedágio com o prazer de que estavam sendo objetos de um serviço útil e adequado, que lhes estava livrando de uma estrada esburacada, sem sinalização e com outros defeitos.
Mas não, as pessoas passam pelas cancelas com sentimento de revolta, achando que estão sendo exploradas e pagando um preço extorsivo.
Isto tem de mudar. Os preços têm de se tornar razoáveis. De forma a que as pessoas se sintam satisfeitas com a cobrança. Convictas de que o serviço é útil e o preço sensato.
É neste exato momento de insatisfação quase que geral por parte de quem paga pedágio que o povo é chamado a renovar os contratos de concessão, representado pelos deputados estaduais.
É visível que a outra ponta do contrato, as concessionárias, deseja a prorrogação.
No mínimo, os usuários têm dúvidas quanto ao mérito dessa prorrogação. Temem ficar por mais 15 anos reféns dos concessionários, que cobram preços altos sem darem satisfação sobre seus serviços e sem prestação de contas satisfatória sobre o negócio.
Não podia ter dúvida nenhuma. Os deputados estaduais tinham de autorizar a prorrogação dos contratos com a concordância cordial dos usuários das estradas pedagiadas.
Mas o que se vê é o açodamento e até uma atitude deplorável das forças governistas, que manifestam pressa em aprovar a prorrogação, sob a alegação de que, se o projeto for demoradamente analisado, acabará sendo desaprovado.
Quer dizer, então, que só com pressa, como enterro de pobre, pode-se chegar à aprovação?
Quer dizer que tem de ser agora ou nunca?
Pois o povo gaúcho rejeita essa aprovação afobada.
Tem coelho neste mato. Ainda faltam cinco anos para vencer o contrato e o governo, sem explicar os motivos de tamanha pressa, mudo, silencioso, como um assaltante atrás da árvore armado de arcabuz, quer arrancar do Legislativo, onde tem maioria suspeita, a prorrogação.
Não pode ser assim. Esse contrato de prorrogação só pode ser aprovado se o povo gaúcho estiver bem ciente dos seus termos, da honestidade e equilíbrio social dos seus propósitos.
Não se pode prorrogar uma charada.
E repito: só se pode prorrogar um contato em que os usuários se sintam bem ao pagar as taxas de pedágio, sem a náusea das vítimas, sem a revolta dos espoliados.
Não pode ser celebrada uma prorrogação em que o povo reste com ódio das concessionárias e dos deputados que votarem a favor.