Desmanchando

A rodovia BR 317 que liga a BR 364 a Assis Brasil no Acre está em péssimas condições. E ela faz parte da Rodovia para o Pacífico, por que logo após Assis Brasil, ao cruzar a fronteira, ela se transforma na PE 30C, a partir de Iñapari, no Peru, seguindo até Cusco. Mas a rodovia construída pela brasileira Odebrecht em parceria com o grupo peruano Graña y Montero também já apresenta problemas, e dos grandes. E para complicar ainda mais a situação, foram implantados três pedágios ao longo da rodovia e um quarto está em fase final de implantação. Mas apesar de cobrar pela circulação, o consórcio IIRSASUR, formado pelos dois grupos não oferece as mínimas condições aos motoristas que trafegam por aquela perigosa rodovia.

Explicando

Pela lógica onde tem pedágio tem segurança e socorro, mas não é isso que acontece no Peru. Evidente que antes de partir para uma viagem dessas, o motorista terá tomado as devidas precauções como verificar condições do veículo, pneus, etc. Mas ninguém está livre de imprevistos. Mas se isso ocorrer no trecho peruano você estar em maus lençóis apesar de estar pagando. Cada pedágio cobra a quantia de 5/S (cinco solis), que equivalem a pouco mais de R$ 3,50 no câmbio atual. Ao fim do percurso você terá desembolsado na ida e volta pouco mais de R$ 28, pouco para quem faz esse percurso esporadicamente, muito para quem faz cotidianamente e mais ainda se for peruano. Para se ter uma ideia com cinco solis você circula e muito de taxi na cidade de Cusco.

Detalhando

Durante todo o percurso entre Iñapari e Cusco o motorista vai encontrar diversas placas informando “fallas geológicas”, ou seja, imperfeições na pista causadas por um serviço mal feito pela Odebrecht. E essas imperfeições são graves por que algumas chegam a tomar a pista quase toda, obrigando os motoristas a invadir a contramão. Em uma estrada “normal” isso não seria problema, mas na PE 30C, isso é muito grave. Nos trechos mais complicados não tem acostamento e o tráfego está aumentando. É possível perceber que o asfalto não vai suportar essa sobrecarga. Em outros trechos placas informam sobre a possibilidade de desmoronamentos e eles ocorrem diariamente. E caem pedras imensas, que danificam o asfalto. E neste período de degelo dos Andes, a água invade a pista, deixando-a mais perigosa.

Sem socorro

Como é chamada “rodovia da integração” espera-se que o consórcio atenda motoristas de ambos os países, mas não é isso que ocorre. A rodovia não tem antenas de ceular e a Odebrecht não colocou telefones ao longo da estrada para chamar por socorro, bem diferente do que mostra no site do consórcio (www.iirsasur.com.pe) onde mostra inclusive um “socorro mecânico”, pura balela. Se seu carro apresentar qualquer problema você vai estar em uma situação muito, mas muito complicada mesmo. Por isso, antes de fazer essa viagem tome todas as precauções.

Golpe

Fiz a viagem na semana passada, não tive nenhum problema, mas imaginei alguém em uma situação de emergência. Ao passar no pedágio questionei o cobrador, que estava com uniforme da Odebrecht sobre a falta de telefones de emergência. Ele respondeu que, caso ocorresse algum problema, eu deveria telefonar para os números (01) 2212141 / Celular: 989159513. Questionei então como faria isso, já que meu celular era do Brasil e na rodovia não tinha torres de telefonia. Ele então disse que eu deveria me dirigir a cidade mais próxima e tentar buscar socorro. Perguntei então se eles tinham previsão de instalação de telefones de emergência ao longo da estrada, ele disse que isso não vai acontecer. Ou seja, a Odebrecht cobra por um serviço que não fornece.

Problemas

A Odebrecht é reincidente em problemas em obras públicas. No Brasil os engenheiros da empresa foram responsáveis pelo buraco da Linha Amarela do Metrô em São Paulo que matou 7 pessoas. A empresa também foi expulsa do Equador por problemas na construção da Hidrelétrica San Francisco. As obras da PE 30C no Peru também apresentam graves problemas estruturais e mais recentemente vem enfretando diversos percalços na construção da usina de Santo Antônio, em Porto Velho.

Fonte: Painel Político/Por Alan Alex

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