Arco e flecha em punho e cara de poucos amigos. Os bloqueios indígenas em estradas têm se tornado mais frequentes e ousados.
No trajeto de entrega das flores, caminhoneiros relataram ter passado por um “pedágio” como esse no trecho entre Barra do Corda (MA) e Teresina (PI).
A Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros) identificou na semana passada ao menos quatro localidades onde os “pedágios indígenas” se tornaram rotineiros e, por vezes, violentos. Segundo a entidade, a prática tem sido tolerada pelo Estado.
A cobrança também tem se sofisticado, com a criação de tabelas de preço para cada tipo de veículo. Caminhões pagam entre R$ 30 e R$ 40; carros de passeio, R$ 20, e motos, R$ 10, diz a associação.
Na BR-070, entre Barra do Garças e Primavera do Leste (MT), xavantes, da aldeia Sangradouro, bloqueiam estradas e cobram pedágio para permitir a passagem de carga.
Casos de saque a cargas sobre caminhões quebrados ou acidentados também são comuns, relata a Abcam.
Na rodovia estadual MT-35, membros da Associação Waymarés, entidade que congrega 20 etnias, organizam cobranças de pedágio num trecho de 60 quilômetros.
Além de caminhoneiros, motoristas de ônibus, veículos e motoqueiros só passam se pagar. O bloqueio da estrada é de conhecimento das autoridades, informa a Abcam.
Outra região em que o pedágio já foi até anunciado fica na BR-117, rodovia que dá acesso ao município de Boca do Acre (AM). Ali, índios da etnia apurinã avisaram que cobrarão pedágio em junho.
Instalados às margens da BR-226, entre Barra do Corda (MA) e Teresina (PI), índios Guajajaras usam até armas para intimidar os motoristas, segundo a associação.
A Funai (Fundação Nacional do Índio) informa que a apuração de saques a cargas e atos violentos contra motoristas cabe às forças policiais e que não tem atribuição para intervir em ações como essas. Nega apoio a qualquer bloqueio em vias com o objetivo de cobrar dinheiro e afirma que “procura conscientizar” os índios sobre a gravidade desse tipo de ação.
Fonte:AGNALDO BRITO
DE SÃO PAULO