São várias as razões do deputado Elvino Bohn Gass (PT) para justificar seu voto contra o projeto do governo Yeda de renovação dos contratos que o Estado mantém com as concessionárias de pedágio: a falta de informações confiáveis sobre arrecadação, despesas e lucros das concessionárias; a pressa do governo em renovar, sem licitação, contratos que só findam em 2013; a convicção de que nas praças comunitárias, o custo-benefício para os usuários é maior do que nas privadas; o fato de o projeto passar para a iniciativa privada um pedágio que hoje é comunitário como é o caso de Portão; e ainda a “carta branca” que a nova lei daria ao governo para ampliar prazos, aumentar tarifas e modificar a localização das praças sem precisa mais passar pelo crivo da Assembléia Legislativa.
“O modelo de pedágios imposto pelo governo Britto ao Rio Grande do Sul é draconiano. Ele só agrada às empresas e, ao que parece, à governadora Yeda que pretende manter sua vigência por mais 20 anos.”
Analisando planilhas apresentadas pelas concesssionárias à CPI dos Pedágios em 2007, Bohn Gass concluiu que o volume de despesas alegadas pelas empresas, deve ser relativizado. “Os dados sobre conservação, manutenção e investimentos não são confiáveis porque as obras que justificariam estas despesas, são feitas por empresas dos mesmos grupos econômicos das concessionárias.
Dito de outra forma, quem emite a nota fiscal é o mesmo que alega a despesa”.
O deputado também considera suspeitas a pressa e o empenho do governo em aprovar uma renovação de contratos cinco anos antes de seu vencimento. “Recentemente, no Detran, já vimos que a ausência de licitação abre a possibilidade de fraudes, roubos, desvios e propinas. Por que o governo Yeda insiste neste modelo sem transparência na questão dos pedágios?”
O deputado pondera, ainda, que não há razões para que o Estado desconsidere a possibilidade de transformar alguns dos pedágios privados em comunitários. “Há um relatório de 2007 do DAER em que ficam explícitas as vantagens deste modelo.” Diz aquele relatório que “gerenciados pelo DAER, e com efetiva participação das entidades representativas das comunidades na aplicação das receitas, solificou-se a credibilidade no sistema, uma vez que foi assegurado aos usuários, o retorno dos valores pagos, através da realização de obras rodoviárias e disponibilização de serviços de apoio existentes junto às praças de pedágio”.
Por fim, Bohn Gass alega que ao vincular futuras obras, especialmente de pavimentação asfáltica, à aprovação da renovação das concessões, o governo “cria um ambiente de chantagem que deve ser rechaçado pelos deputados porque o que está em jogo não são as obras, mas um negócio de alguns bilhões de reais cuja beneficiária não será a sociedade gaúcha”.
Rádio Progresso de Ijuí –