ESPAÇO ABERTO JORNAL FOLHA DE LONDRINA 11/08/2006

O que estão fazendo com o Brasil?

Ana Lúcia Pereira Baccon
Sempre pensei que o maior problema do Brasil fosse a pobreza, a má
distribuição de renda, mas infelizmente não é. Os últimos acontecimentos
políticos (mensalões e sanguessugas) mostram que o maior problema do Brasil
é a corrupção. Como educadora, muitas vezes, a gente se sente ‘‘um palhaço’’
porque sonha e acredita com um mundo melhor porque acredita na semente que
se planta hoje quando se olha para o rostinho de cada criança ou
adolescente.

É essa sensação que venho sentindo ultimamente. Parece que tudo nesse país
gira em torno do próprio umbigo, em torno de si mesmo, do interesse próprio.
Elegemos nossos representantes, seja em nível municipal, estadual ou
federal, depositando neles o nosso voto, a nossa confiança, a nossa
esperança. No entanto, a grande maioria, quando assume o poder, parece que
rapidamente esquece o que prometeu e entra nesse vício de olhar só para si
mesmo. É triste, porque dos nossos representantes eleitos, esperamos muito
mais do que palavras, esperamos ações, comprometimento, participação. Penso
que cada representante eleito deveria honrar cada voto recebido, lembrando
sempre do compromisso assumido.

O que está faltando, então, para que isso ocorra no Brasil? Para quem olha
do lado de cá, parece que não é tão difícil assim. Parece que o que está
faltando é ‘‘amor’’, é gostar do lugar onde mora, é acreditar na força de um
povo e acima de tudo é preciso acreditar na mudança. Um dos fatores mais
importantes nessa mudança é olhar para cada cidadão e vê-lo como ‘‘ser’’
humano e não como um número, um eleitor. Chegamos num ponto, em que ser um
represente político no Brasil é vergonhoso, não é para qualquer um. Muita
gente capaz, honesta, lutadora, sonhadora acaba se afastando porque a
impressão que se dá é que nesse campo não há espaço para gente assim. Se não
houver uma mudança de consciência política em cada cidadão, demonstrando que
participar é preciso, que falar é preciso e enquanto cada um não fizer a sua
parte o Brasil que a gente sonha jamais será construído. Um Brasil onde o
ser humano é valorizado acima de qualquer interesse próprio, onde se faz o
bem não importando a quem, sem pensar na próxima eleição.

Às vezes, me pergunto se sou eu contra o mundo ou se é o mundo contra mim.
Tenho a sensação de estar andando na contramão, mas acredito que não sou a
única que junto comigo existem muitos que sonham e que acreditam que esse
país tem jeito, que o Brasil que a gente ama ainda será visto e vivido como
um país de mãos e idéias limpas.

ANA LÚCIA PEREIRA BACCON é presidente da APP-Sindicato em Jacarezinho

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